A educação vem tomando formas e rumos diferentes há milhares de anos. Nos primórdios os homens escreviam nas paredes de pedras das cavernas como forma de comunicação entre si. Com a chegada dos jesuítas no Brasil no período colonial havia a necessidade de catequisar os índios, sendo essa uma das formas de ensiná-los a técnica da escrita.
No período da república através de Benjamin Constat se implementou a primeira reforma da educação no Brasil, dividindo os estudantes por séries e por faixas etárias, segundo descreve Bezerra (2020).
Com a evolução tecnológica, as instituições de ensino precisaram adequar-se e incorporar para dentro das salas de aulas novas e criativas modalidades de ensino. Atrair a atenção dos estudantes é uma tarefa que exige dos professores implementar novas tecnologias educacionais proporcionando aulas mais dinâmicas e atraentes.
As ferramentas colaborativas contribuem no processo de ensino por meio de estratégias pedagógicas que utilizam diversos recursos entre eles, audiovisuais, games, criação de mapas mentais, debates, favorecendo e otimizando a qualidade da aprendizagem, gerando com isso, ambientes de intensa participação incitando a inovação e a criatividade do aluno.
As transformações na educação com o avanço tecnológico proporcionam aos educadores e alunos novas configurações no ensino e aprendizagem. A incorporação das chamadas tecnologias digitais da informação e comunicação vêm revolucionando a tradicional escola, onde os professores escrevem no quadro negro e os recebedores deste conhecimento são meros replicadores.
Os alunos da educação 4.0 estão conectados em tempo real e virtualmente com tudo o que diz respeito a novos métodos de instrução. O smartphone, o tablet, a internet são recursos inseridos nova geração em suas rotinas desde que nasceram. Tudo o que precisam saber está disponível para pesquisa em websites e, em alguns segundos muita informação estará acessível para consulta na tela dos mais diversos aparelhos eletrônicos encontrados no mercado da computação e de telefonia móvel.
As ferramentas colaborativas são conceituadas como softwares que facilitam a comunicação entre pessoas. As informações são guardadas em nuvem, podendo ser acessadas por qualquer pessoa virtualmente desde um computador ou celular que esteja habilitado.
As ferramentas colaborativas facilitam a interação e comunicação social online. Estas ferramentas permitem a comunicação entre vários membros de um grupo, seja de uma empresa, amigos ou familiares. Com esta tecnologia torna-se possível a grupos com objetivos comuns, desenvolverem projetos em simultâneo e em locais diferentes, contribuindo para uma maior produtividade coletiva e para o desenvolvimento de competências colaborativas. (Jardim et al, 2012, p. 4).
Outros autores como Clarke (2017 como citado em Netto, 2018), descreve que essas ferramentas permitem atender diferentes propósitos na educação, tendo como características principais a utilização on-line via internet, não sendo necessário realizar downloads e instalações de aplicativos, compartilhamento de informações com outros usuários, interface intuitiva e rápido processamento, acesso através de senhas e usuários.
Essa nova metodologia quando utilizada corretamente nas salas de aulas produz muitos benefícios tanto para os tutores quanto para os discentes. Para Clarke (2017 como citado em Netto, 2018), alguns exemplos são: a gestão da informação, produtividade, realização de trabalhos locais geograficamente diferentes, segurança, redução de custos com licenças e espaços de armazenamento dos conteúdos, socialização do conhecimento entre as pessoas.
“Para a educação oferecem ainda recursos que permitem automatizar o acompanhamento das atividades e personalizar o ritmo de aprendizagem dos estudantes” (Clarke, 2017 como citado em Netto, 2018, p. 9).
Para se aprofundar mais sobre as ferramentas colaborativas é necessário entender o conceito de aprendizagem colaborativa, pois as ferramentas como o próprio nome diz são classificadas como aplicativos para auxiliar nas práticas pedagógicas, através do uso de soluções tecnológicas.
A aprendizagem colaborativa é uma metodologia de ensino pautada na interação, colaboração e participação ativa dos alunos. Trata-se de um método que pode ser aplicado em diversos contextos — workshops, palestras, treinamentos, cursos, entre outros —, sempre prezando a troca de experiências e promovendo o engajamento, envolvimento e a motivação dos participantes.
Seu processo tem como finalidade o compartilhamento de recursos, que promova um aumento de conhecimentos e saberes, bem como o sentimento de pertencimento e identidade nas pessoas que a experienciam. ( Marques, 2019, n.p).
Pode-se entender o conceito descrito acima que a aprendizagem colaborativa trabalha com o princípio da interação e troca de conhecimento entre duas ou mais pessoas, com o objetivo final na construção do conhecimento.
Possibilitar o uso dessas práticas nas instituições de ensino favorece e contribui para construção de ambientes de participação entre os estudantes, incitando a capacidade de criação, inovação, despertando o sentido do pensamento crítico e resolução de problemas de forma ativa e participativa, promovendo assim mudanças significativas nas relações entre os envolvidos.
É imprescindível que o docente tenha clareza sobre a importância da aprendizagem colaborativa, para poder conduzir esse processo e criar um ambiente onde os alunos possam interagir e compartilhar uns com os outros para a produção do conhecimento (Leite et al, 2005).
Um exemplo de ferramentas de aprendizagem colaborativa são os ambientes virtuais de aprendizagem, descritos como um software desenvolvido por um conjunto de ferramentas disponíveis na Web, onde é permitida a interação entre alunos e professores (Silva, 2020).
Eles armazenam seus dados em nuvens possibilitando que haja uma troca de informações entre os envolvidos. Podem ser visualizados e descarregados através de upload, sem a necessidade de impressão dos documentos, contribuindo com o meio ambiente.
Uma ferramenta colaborativa tem como principal objetivo o compartilhamento de arquivos, informações e conhecimentos, entre duas ou mais pessoas com um propósito comum. Estas ferramentas são cada vez mais utilizadas nas empresas de diferentes segmentos. Para sua implementação são necessárias além das ferramentas, arquivos editáveis online, e um servidor (nuvem) para armazenagem dos dados (Olivieri, 2020, p. 2).
O uso das ferramentas colaborativas aplicadas nas instituições possibilitam o compartilhamento das informações, nas regiões geográficas de cada estudante. Eles têm acesso ao material de estudo via aplicativos e utilizam o tempo de estudo conforme a necessidade de cada um, oferecendo uma nova forma de comunicação, compartilhando experiencias, julgamentos, aprendizagens de forma virtual.
Essa metodologia não significa que as aulas presencias serão banidas das escolas. Pode-se transformar as aulas presencias mais participativas e criativas, usando vários recursos disponíveis com o uso da tecnologia.
Este novo cenário segundo Mallmann & Ahlert (2018), traz novas ferramentas que possibilitam o processo de ensino e aprendizagem em um ambiente digital, e não apenas físicos, para a prática de ensino.
Siemens (2004, p. 4), descreve que a “aprendizagem é um processo de entradas, gerenciadas na memória de curto prazo e codificadas para poderem ser recuperadas a longo prazo”.
Ainda Siemens (2004, p. 9 ) complementa, “o conhecimento pessoal é constituído por uma rede, que alimenta organizações e instituições, que por sua vez realimentam a rede, proporcionando nova aprendizagem para os indivíduos”.
A utilização de aplicativos digitais para complementar as aulas e incitar a aprendizagem proporciona ao educando o desenvolvimento do conhecimento, instiga a pesquisa e a resolução de problemas autonomamente e em grupo através dos chats e fóruns disponíveis em cada plataforma.
A figura do professor com a implantação das tecnologias baseadas nas ferramentas educacionais passa a ser de tutor e medidor, auxiliando os aprendizes em suas dúvidas e dificuldades na resolução de problemas, apresentando as mais diversas fontes de informação e pesquisas disponíveis. Percebe-se então que o conhecimento não é proveniente única e exclusivamente do professor, pode ser adquirido por diversos meios. Cabe ao mestre o acompanhamento, a gestão de situações, torna-se o facilitador e incentivador da aprendizagem seja ela individual ou em grupos.
Ao realizar uma busca bibliográfica no google acadêmico com a descrição ferramentas colaborativas na educação, definindo o período de publicação entre o ano de 2011 e 2021, foram encontrados 15.300 publicações com os mais variados títulos e aplicações. Isso demonstra que esse tema é bastante pesquisado, possibilitando uma gama enorme de trabalhos a serem desenvolvidos no meio acadêmico.
A educação em tempos modernos necessita reformular o ato de ministrar os conteúdos pois os alunos estão perdendo a motivação nas aulas tradicionais. É necessário ter a visão que o mundo está evoluindo tecnologicamente, e essas tecnologias estão disponíveis para serem aplicadas nas salas de aulas para graduar profissionais proativos, criativos, dinâmicos e questionadores (Souza, Vergottini & Bernini, 2018).
A arte de produzir conhecimento se concebe através da pesquisa, da autonomia, da interação entre pares. Estimular a pesquisa cientifica alimenta nosso cérebro de conceitos que serão processadas e arquivados auxiliando na resolução de problemas.
Na aprendizagem colaborativa, os professores incentivam a autonomia e observam o ritmo de estudos e aprendizagem, além de redirecionar a sua autoridade em sala de aula para o grupo, e incentivar a independência positiva. Dessa forma as disciplinas e os conteúdos se tornam de fácil compreensão e podem ser trabalhados em conjunto (Souza, Vergottini & Bernini, 2018, p. 53).
Utilizar ferramentas pedagógicas nas instituições de ensino proporciona ao acadêmico um ambiente participativo, favorece o protagonismo e autoria, favorecendo a autoconstrução de novos pensamentos que contribuíram para construir uma sociedade mais participativa.
No mercado existem diversas formas de incluir as tecnologias da comunicação e informação para aperfeiçoar a qualidade e participação dos atores nas aulas. A utilização de programas de videoaulas, textos, plataformas digitais, jogos eletrônicos, encontros síncronos e assíncronos são alguns exemplos de como elaborar disciplinas mais abrangentes incluindo os novos modelos tecnológicos. Não cabe neste paper citar as mais diversas plataformas empregadas no ensino, mas demostrar a sua importância e finalidade na concepção do conhecimento.
Além das aptidões sobre história, geografia, matemática, ciências entre outras disciplinas os tutores precisam também se aprofundar no que diz respeito as mudanças tecnológicas. Incluir ambientes virtuais nas classes requer momentos de pesquisa, identificar qual plataforma é a mais adequada para a aula que está sendo proposta, e não simplesmente criar um conteúdo e jogar no aplicativo. É imprescindível que o gestor escolar fomente espaços de formação, reflexões e a manipulação das ferramentas para obter sucesso e integração nas práticas diárias (Moreira & Monteiro, 2015).
Não se pode afirmar que somente a tecnologia irá modificar a educação. O acesso à informação não produz conhecimento. É preciso processar, compartilhar, criar grupos de discussão, replicar essa informação, transformando o conteúdo na construção da aprendizagem.
Considerando o apresentado até o momento pode-se concluir que as ferramentas colaborativas com o avanço da tecnologia trouxeram a possibilidade de implementar novas soluções de ensino e aprendizagem, através de plataformas adaptativas que auxiliaram no andamento das aulas e criação novas abordagens educacionais que possibilitaram a evolução da educação.
É importante não se centrar somente na tecnologia. Ela é considerada um facilitador, auxiliando as instituições se modernizarem e adaptarem as novas formas de ensino. Os participantes devem estar preparados para a imersão dos conteúdos propostos através das ferramentas digitais, atualizar-se diariamente com as mudanças tecnológicas que acontecem num piscar de olhos.
As ferramentas colaborativas contribuem para que o ensino e aprendizagem seja mais interativo, colaborativo e interessante para os alunos que serão os participantes dessa tecnologia.
É preciso que todos os atores se comprometam para que ocorram mudanças significativas dentro das salas de aulas facilitando o aprendizado e proporcionando engajamento tanto dos estudantes como dos professores utilizando-as de forma correta e segura.
O conhecimento é uma ferramenta essencial para a sobrevivência da humanidade. A troca de informações possibilita difundir novas culturas, ideias e conceitos, descobertas quando propagadas corretamente modificam a forma de pensar e agir, criando assim a cultura do pensamento crítico.
Percebe-se que neste novo modelo educacional, a escola precisa implementar novas mudanças, mas cabe também aos genitores incentivar a busca do conhecimento no ambiente familiar. Incentivar a pesquisa fora das instituições de ensino contribui e incentiva a imersão na aprendizagem colaborativa, através da investigação de fontes que responderão suas dúvidas e dificuldades.
O professor que utiliza a aprendizagem colaborativa é um incentivador da tecnologia, auxilia e fornece subsídios para a construção de conhecimento, através do desenvolvimento das habilidades do discente, observando o ritmo de aprendizagem que cada um possui, tornando assim o processo mais eficiente e eficaz.
Referências Bibliográficas
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