Blog criado para publicação de artigos de Daniel Moser para o Mestrado em Tecnologias Emergentes em Educação da Must University
Cultura organizacional: desafios para escolas em processo de mudança
Cultura organizacional: desafios para escolas em processo de mudança

Cultura organizacional: desafios para escolas em processo de mudança

Falar em diversidade cultural nos remete pensar em valores, culturas, identidades ideológicas, palavras que para uma criança em idade escolar não tem um significado relevante, mas com o seu desenvolvimento se torna imprescindível conhecer e compreender a importância de cada uma delas e como são usadas na sociedade.

Aprendemos desde pequenos certos valores, costumes, ideologias que observamos dentro de nosso contexto de vida social com o convívio com nossos familiares. Ao observar algumas condutas de pessoas mais próximas vamos formando em nosso subconsciente alguns modelos muitas vezes ultrapassados e desproporcionais da realidade em que vivemos, que levamos para nossa vida adulta,  e rotulando pessoas e discriminando por sua forma de vida e comportamentos.

A escola é onde aprendemos e desenvolvemos muitas de nossas funções cognitivas. Estimulamos novas áreas de conhecimento, através do pensamento intelectual. Adquirimos sapiência através dos ensinamentos iniciais onde conseguimos formar de letras soltas as palavras que vamos utilizar rotineira e diariamente para nos comunicarmos no mundo em que vivemos.

Não é função da escola ensinar valores, mas cabe a ela reforçar a importância dos mesmos no convívio social. O respeito a diversidade tanto física, de pensamento, da forma de ser, provem de casa. O espelho que configura nossas atitudes frente as diferenças de uma população são exteriorizadas com o convívio na interação com o mundo externo.

A escola é uma instituição social de extrema relevância na sociedade, pois além de possuir o papel de fornecer preparação intelectual e moral dos alunos, ocorre também, a inserção social. Isso se dá pelo fato da escola ser um importante meio social frequentado pelos indivíduos, depois do âmbito familiar (Silva e Ferreira, 2014, p.7)

Complementando o pensamento para os autores Silva e Ferreira (2014)  a escola “É um espaço onde os indivíduos começam a ter as relações para além da família, ou seja, passa a conviver com pessoas de diferentes raças, cor, etnia, religião, cultura”.

As instituições de ensino tem um papel fundamental na vida das pessoas. É através delas que aprendemos a ler e escrever, nos tornamos seres com poder de pensamento, autocritica e com sabedoria para diferenciar o certo do errado.

A leitura e a escrita nos oferece subsídios para pensar, reagir, interagir e criar nossa forma de opinar frente os diversos obstáculos que superamos ao longo dos anos, auxiliando nas decisões que nos regem enquanto formadores de opinião.

O sistema educacional vem passando por mudanças ao decorrer dos anos. Com o crescente avanço tecnológico no que refere as novas tecnologias da informação e comunicação é imprescindível que as escolas reestruturem a o modelo de educação aplicado atualmente.

Os alunos da geração 4.0, chegam nas escolas sedentos de conhecimento, mas influenciados pelas mídias sociais, perdem o prazer por aulas que são puramente expositivas, onde um docente detentor do conhecimento expõe sua forma de ensino sem pensar e conhecer as dificuldades, destrezas e facilidades de cada um de seus alunos, classificando a todos com um linear único de aprendizagem.

As mudanças são necessárias, mas é preciso romper barreiras ideológicas. Segundo Cardoso (n.d, p. 1), “implica na consciencialização das relações de si próprio com outros, desafiando as atitudes de análise e reflexão a acerca da nova realidade social e do papel dos professores na promoção de melhores oportunidades de aprendizagem para todos os alunos”.

Um ponto que merece destaque na atualidade, tornando-se mais frequente nas discussões está relacionado com o tema da diversidade.  Palavra essa com um significado abrangente, sendo necessário entender o real conceito e aplicá-la corretamente conforme cada situação.

A cultura de um povo é formada por vários elementos, como crenças, ideias, mitos, valores, danças, festas populares, alimentação, modo de se vestir, entre outros fatores. É uma característica muito importante de uma comunidade, pois a cultura é transmitida de geração em geração e demonstra aspectos locais de uma população (Francisco, n.d)

Com a globalização muitas pessoas estão imigrando de seus locais de origem para outros completamente diferentes, trazendo em sua bagagem toda uma forma de vida, e junto com isso seus costumes e crenças.

Desde o tempo da escravidão se percebe que além de traficar pessoas, os colonizadores trouxeram uma forma de vida que foi se adaptando ao novo local onde aquelas foram obrigadas a residir, mas não esquecendo os costumes de seus antepassados.

Na atualidade isso se reflete também na educação. As crianças iniciam os anos escolares carregando consigo ensinamentos que receberam de seus pais no convívio com sua família e isso é replicado dentro da sala de aula.

Não existe uma única cultura no mundo. É relevante que as escolas que são formadoras de pensamento crítico atualizem suas metodologias, promovendo a valorização dessas diferenças, suprimindo qualquer tipo de preconceito e julgamento quanto a forma de ser de cada indivíduo.

Segundo Carvalho (2012), no que se refere a gestão da diversidade dentro de uma cultura organizacional não deve ser considerada como um problema, mas sim enriquecendo e contribuindo para a boa convivência e aprendizagem de todos.

O mesmo autor recomenda, que o professor desenvolva um conjunto de atividades destinadas a promover a compreensão, aceitação e valorização das diferenças, estimulando a aprendizagem colaborativa entre os estudantes, baseada no reconhecimento das diferenças étnicas, culturais, capacidades individuais, níveis de instrução e modos de vida e de aprendizado (Carvalho, 2012).

A diversidade para Carvalho (2012, p. 91), “é concebida como um trunfo para otimizar o processo educativo e não como empecilho à aprendizagem”.

Cabe aos educadores a função de promover a diversidade, demonstrando através das aulas que no mundo existem diversas outras culturas, e que conhecendo cada uma delas ampliamos nossos horizontes de pensamento e descobrimos um novo mundo diferente ao que estamos acostumados a viver, respeitando a particularidade de cada povo, nação e civilização.

O respeito a diversidade como descrito anteriormente não depende exclusivamente da escola. Somos carregados de informações e hábitos de vida em nosso convívio social que  quando nos aproximamos de algo que é diferente ao que nos foi ensinado durante muito tempo tudo parece ser anormal, e muitas vezes esses comportamentos considerados como algo fora da realidade.

Dependendo da realidade de cada aluno, muitos pais não têm essa visão para esclarecer e orientar a seus filhos sobre outras formas de vida, de linguagem, pois vivem bitolados a um mundo pequeno de pensamento. É de responsabilidade do mestre abrir os horizontes e propiciar para seu aluno um ambiente que incentive o respeito a diversidade e como olhar o mundo de um jeito multicultural, sem discriminação, e preocupados com a coletividade.

As autoras Costa e Perrude (n.d, p.4), descrevem alguns pontos importantes que muitas vezes geram exclusão nas escolas.

É impossível atuar em uma escola sem discutir, observar a diversidade escolar e nela intervir, pois, no contexto escolar, estão inclusos alunos de diferentes religiões, raças, gêneros culturas e diferenciadas necessidades especiais. Em vista disso, o professor precisa discutir esta diversidade, especialmente no Ensino Fundamental, e identificar os fatores que geram exclusões, como situações de preconceito e discriminação.

Com todas essas diferenças no ambiente escolar, é fundamental que toda equipe escolar busque caminhos para uma prática mais integradora, desmistifique as diferenças sobre a diversidade e oportunize a todos os discentes uma aprendizagem inclusiva sem que haja exclusão devido as diferenças socioculturais, de crenças e principalmente de classe social.  Que todos sejam incluídos no mesmo processo de aprendizagem, igualitariamente, independente de suas condições de aprendizagem (Gonçalves, 2017).

Outro ponto que merece destaque nesta discussão está relacionado com a gestão e novas tecnologias aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem.

No momento em que vivemos uma grande expansão tecnológica não podemos deixar de fora as entidades educativas, elas devem ser pioneiras nesse tipo de atualização, pois é delas que se prepara para o mundo os profissionais que estão na linha de frente, coordenando, organizando, criando e implementando esse novo modelo de tecnologia, que pode ser aplicada para auxiliar e formar cidadãos com pensamento crítico, demandantes de conhecimento para modificar e criar mentes pensantes que contribuem para o futura de uma nação.

Para poder ensinar de forma adequada é preciso que o professor se capacite, sendo uma condição estratégica de atualização  e promoção que contribui consideravelmente na melhoria da qualidade da aprendizagem (Prata, n.d).

Conforme descreve Rodrigues (2010, p. 1), “a sociedade está se transformando rapidamente, sendo que o perfil dos estudantes passa por mudanças e, com essas transformações, surgem novas metodologias de ensino”.

A importância da capacitação de tutores é um tema essencial na formação do educandos. Se o tutor não está capacitado é impossível que ele consiga ministrar uma aula com facilidade, sanando e esclarecendo as dúvidas que surgem ao longo do processo de ensino, tanto na sala de aula presencial como na modalidade que está tomando uma proporção avassaladora conhecida como educação a distância.

O primeiro passo é a capacitação dos profissionais da educação, inclusive por meio de estratégias metodológicas alternativas, como a Educação a Distância – EAD, possíveis através da internet ou TV, que representam uma valiosa oportunidade de formação em serviço e atualização constante a todos (Prata, n.d, p.1).

Para poder utilizar adequadamente a tecnologia dentro da escola Prata (n.d) descreve que é necessário uma mudança no paradigma da estrutura escolar, desconstruindo assim a aparência de uma escola moderna e inovadora, que através do seu modelo de gestão não consegue promover um sistema educacional de qualidade.

Ao longo de muito tempo os colégios têm sido classificados como estruturas fechadas, com pouca abertura para mudanças em seu estilo de ensinamento, sendo incompatível com a nova sociedade, que a cada ao despertar se depara com algo novo no que tange a tecnologias que podem ser aplicadas tanto na indústria, no comercio e principalmente nas instituições de ensino que são as formadoras dos futuros profissionais.

Para Alonso (2004, p.1), “essa visão como um sistema fechado incapaz de refletir as mudanças que ocorrem na sociedade é totalmente incompatível com as exigências de uma sociedade que se caracteriza por um movimento de mudança acelerada e desconcertante”.

No contexto educacional em que vivemos, a Era Digital e da Comunicação, fica difícil separamos as ações gestoras do uso de recursos e ferramentas tecnológicas, pois são muitos benefícios que poderão transformar a práxis gestora, trazendo modificações e novas propostas para o espaço escolar resultando uma aprendizagem significativa dentro da unidade escolar (Pereira, 2020, p.2)

A gestão escolar tem um papel fundamental e de suma importância no delineamento das práticas educativas. É por meio dela que o gestor deve incluir e estimular entre os professores e colaboradores, atitudes de transformação no modelo de formação educacional.

É dentro deste mesmo cenário onde utilizamos a tecnologia, não podemos nos esquecer da temática da diversidade que permeia o espaço escolar, pois é notório afirmar que a escola é o local de maior pluralidade de etnias, ideologias, atitudes e diferenças que temos dentro de nossa sociedade (Pereira, 2020, p.2)

Para poder estar atualizada a respeito das diversas estratégias que permeiam o campo da aprendizagem a instituição conforme descreve Alonso (2004, p.4), “deve buscar novos caminhos para avançar de forma mais eficiente e democrática, aberta à diversidade de pensamentos e culturas, bem como o diálogo as distintas formas de expressão de ideais”.

Uma estratégia de gestão que deve estar presente é articulação da tecnologia e da diversidade dentro do lugar em que está inserido, por meio de metodologias diferenciadas e programas de estudos que abordem essas temáticas criando um ambiente tecnológico e saudável para todos os alunos, professores e demais colaboradores de acordo com Pereira (2020).

Após essa breve síntese dos temas abordados pode-se concluir que é pertinente que as escolas introduzam novos modelos educativos, aliando-se com a tecnologia e a diversidade cultural presente no meio pedagógico.

Outra alternativa seria incluir na grade curricular temas relacionados com a diversidade cultural. As aulas de ciências sociais que discutem o tema do corpo humano e suas particularidades e as de história que explicam o tema da colonização, as raças e as diversas etnias que estão presentes no Brasil são um apelo para adentrar no tema da diversidade e trabalhar com os alunos assuntos culturais.

Com o auxílio da tecnologia, são produzidos diversos materiais em formato de vídeo, animações, pequenos filmes, que podem ser utilizadas independentemente da idade escolar do discente. Cabe ao tutor empegar essa nova modalidade criando aulas mais criativas favorecendo a discussão no grande grupo e até mesmo no diálogo com integrantes de seu grupo familiar.

A gestão tem papel fundamental em todo processo educativo, as escolas também são empresas que mediante o processo de ensino geram novas mentes produtoras de tecnologias e profissionais com aptidão para criar e tornar-se parte da comunidade cientifica e produzir conhecimento na busca de soluções para os diversos problemas enfrentados pelo mundo.

Oferecer uma educação de qualidade é primordial e indispensável para contribuir para a melhoria das condições de vida de uma população. Ao incentivar o pensamento, fomentar a discussão, a formulação de ideias próprias se constrói uma sociedade com  poder e autonomia de suas decisões, sem serem meros replicadores de teorias espalhadas por uma pequena parcela da população.

A educação tem papel fundamental e primordial na vida dos sujeitos e é com ela que aprimoramos nossas habilidades e competências, aprendemos novos valores e comportamentos e aperfeiçoamos a formação do conhecimento, desenvolvendo autonomia e senso crítico que nos possibilitam a abertura de novos caminhos para transformar comunidades de forma participativa e equitativa.

Referências Bibliográficas

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Carvalho, E. J. G. de. (2013). Diversidade cultural e gestão escolar: alguns pontos para reflexão. Teoria E Prática Da Educação, 15(2), 85-100. Recuperado em 10 de novembro de 2021 de https://doi.org/10.4025/tpe.v15i2.20181

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Gonçalves A (2017). Diversidade e inclusão na educação. Educere. XIII Congresso nacional de educação. Formação de professores:  contexto, sentidos e práticas. ISSN 2176-1396. Recuperado em 10 de novembro de 2021 de https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/27018_13498.pdf

Pereira, W. F. (2020). A gestão escolar pautada nos princípios de diversidade e tecnologia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 03, pp. 48-55. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959. Recuperado em 11 de novembro de 2021 de https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/diversidade-e-tecnologia

Prata, C. L. (n.d). Gestão escolar e as tecnologias. Recuperado em 10 de novembro de 2021 de http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_3b_gestores/tema_05/anexos/anexo_5_tics_na_gestao_escolar2010_CarmemPrata.pdf

Rodrigues, D. (04 de dezembro de 2020). A importância da capacitação de professores de maneira continuada. Recuperado em 10 de novembro de 2021 de http://www.proesc.com/blog/capacitacao-de-professores-continuada/

Silva, L. G. M. d & Ferreira, T. J. (2014). O papel da escola e suas demandas sociais. Periódico Científico Projeção e Docência. v.5. n.2. Recuperado em 16 de novembro de 2021 de http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao3/article/view/415

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