O uso das plataformas adaptativas nas instituições de ensino com as mudanças tecnologias estão influenciando na forma da aprendizagem dos alunos. A educação deixou de ser exclusivamente centrada na figura do professor na sala de aula escrevendo no quadro negro e os discentes reproduzindo as mensagens recebidas pelo docente.
As plataformas adaptativas segundo Costa (2018 p. 3), “é uma metodologia de ensino cujo objetivo é interpretar as necessidades de cada aluno individualmente e se moldar para atender cada um”.
São desenvolvidas através da inteligência artificial e norteiam o aluno sobre a melhor forma de aprendizado. Podem utilizar vídeos, games, textos, figuras, entre outros para identificar o nível de aprendizado permitindo que a plataforma utilizada guie o estudante no avanço ou mesmo na retomada de algum conteúdo para poder avançar nos estudos.
Todas as informações são coletadas através da interação do aluno com a plataforma. Ao realizar as tarefas propostas, fundamentado nas respostas apresentadas criam-se estatísticas do perfil do aluno. A mesma plataforma apontará os pontos fortes e débeis que precisa aperfeiçoar, recomendando conteúdos adequados para cada estudante.
Segundo Moraes (2021), além dos alunos se beneficiarem sobre o uso da plataforma, os gestores e professores têm à disposição recursos para o desenvolvimento dos conteúdo e acompanhar o progresso de cada discente.
Tecnologia Adaptativa utilizada – Summit Public School
Após pesquisar sobre o tema das plataformas adaptativas e constatando os diferentes modelos que estão disponíveis nas instituições de ensino para auxiliar no processo de educação foi escolhida a experiencia da Summit Public School.
No ano de 2003, nos Estados Unidos, na cidade de São Francisco no Estado da California, fundou-se a Summit Public School. Uma instituição de ensino pública que conta com administração privada.
Considerada uma organização sem fins lucrativos que tem a finalidade de fornecer uma opção de escola pública de alta qualidade para a comunidade. Sua principal característica é a personalização do ensino através do ensino híbrido, que inclui momentos de aprendizado online e offline em que a autonomia dos estudantes é incentivada. Eles estudam por conta própria, participam de projetos, discutem questões da comunidade, têm mentores e fazem expedições motivados por interesses individuais (Costa, 2021, p.3).
Segundo Gomes (2013, p.1) “Essa rede de escolas é gratuita, voltada para jovens de origem humilde e tem conseguido taxas de aprovação em bons cursos universitários que fazem inveja às melhores escolas do estado”.
Desde sua criação atua em diversas comunidades dos Estados da California e Washington. Teve como principal ponto motivador a percepção dos docentes sobre a forma de ensino centrada no professor que deixava várias lacunas na aprendizagem dos estudantes. Preocupados com o rendimento escolar, o projeto desse novo modelo de educação foi implementado nas disciplinas de matemática e atualmente devido ao grande sucesso foi integrado em todas as disciplina (InnoveEdu, n.d).
Buscando a autonomia de cada aluno, os educandos não são divididos por idade ou etapa escolar. Eles têm a liberdade de decidir se desejam realizar as tarefas individualmente ou em conjunto com os colegas (InnoveEdu, n.d).
Os professores estão presentes para apoiar, incentivar, praticar o pensamento crítico, o poder de tomada de decisão. Já em contrapartida os colegiais estabelecem metas para sua aprendizagem, estimulando habilidades como a comunicação, criatividade, construindo novos pensamentos se preparando para uma vida acadêmica de sucesso, tanto na vida pessoal como na profissional.
Para poder alcançar os objetivos propostos, as aulas são divididas em três modalidades. Em uma delas os alunos estudam de segunda a quinta-feira, através de uma plataforma online desenhada pela escola, que permite acompanhar o desenvolvimento de seus desempenhos. Os professores têm acesso aos dados e conhecem em tempo real quais são as necessidades de cada aluno. Em outro momento do dia desenvolvem projetos de pesquisa, sendo realizados de acordo com o anseio de cada aluno, em grupos, individualmente ou em parceira de projetos do professor, segundo descreve Costa (2021).
Ainda no mesmo dia um espaço para leitura realizada através do computador com interpretação de textos através de exercícios de fixação.
Já na sexta-feira é um dia de reflexão, quando os estudantes se dividem para discutir questões da comunidade e trabalham valores como respeito, responsabilidade, coragem e compaixão. Outra atividade promovida é a conversa com o mentor individual, que pode tratar do desempenho na escola e também de questões pessoais. Durante o ano, há ainda períodos livres para expedições, em que os estudantes passam duas semanas se dedicando a algo de seu interesse, como um hobbie ou uma profissão, dentro ou fora da escola. (InnoveEdu, n.d).
Benefícios para instituição, professores e alunos
O modelo da Summit inclui seis aspectos considerados principais para a aprendizagem, alinhados com o proposito articulado de uma escola baseada na evidência cientifica. Costa (2021), descreve os modelos abaixo relacionados.
- Tempo de projeto facilitado pelo professor: Aprendizado baseado em projetos. Os alunos ao divididos em pequenos grupos e trabalham junto nos projetos;
- Tempo de aprendizado personalizado: o desenvolvimento de uma compressão básica de conceitos é essencial para desenvolver atividades cognitivas. Utilizam o auxílio do Plano de Aprendizado Personalizado (PLP – Personalized Learning Plan), uma ferramenta on-line que permite aos alunos definir objetivos de aprendizado e crescimento pessoal, acompanhar o progresso receber feedback imediato sobre seu trabalho, além de acessar recursos de aprendizado a qualquer momento;
- Hora do Mentor: Acesso a ajuda e suporte caso aos discentes necessitem. Por meio de reuniões curtas e individuais revisam seus planos de aprendizado e acompanham seu progresso acadêmico. Recebem apoio em seus currículos e garantem que sejam excelentes fora da sala de aula;
- Momento da Leitura – Summit Read: A leitura e a interpretação de textos são algumas metas para preparar os alunos para o sucesso em suas carreiras. Utilizam uma plataforma denominada Gobstopper, que auxilia aos professores na avaliação e compreensão de leitura dos alunos para moldar suas discussões de leitura nas aulas.
- Hora da Comunidade: Se reúnem em pequenos grupos, discutindo sobre questões relacionadas a valores de respeito, responsabilidades, comunidade, entre outros explorando tópicos como vulnerabilidade, motivação e autodefesa.
- Expedições: Participações em experiencias do mundo real, e projetos que tenham interesse como por exemplo, estágios em empresas, cursos de fotografias, identificando seus interesses e habilidades do mundo real.
Essa modalidade de ensino hídrico com aulas online e presenciais, auxiliam os aulistas na gestão de seu aprendizado. Os professores fornecem apoio amparando e desmistificando conceitos, e respondem a dúvidas e questionamentos que surgirem no decorrer da aula.
Os dados fornecidos pela plataforma oferecem ao docente uma visão mais otimizada de cada aluno, auxiliando e fornecendo instruções de como resolver problemas relacionados com o conteúdo proposto.
O educador é considerado uma peça fundamental no ensino: sem ele, pode-se ter a melhor tecnologia disponível, que a educação não conseguira formar profissionais com visão, formadoras de opiniões e empreendedoras. Muitos são os exemplos de profissionais bem-sucedidos que tiveram o apoio de um mestre para lograr um futuro promissor. Na Summit, os mentores propiciam e oferecem o apoio necessário para que os estudantes possam desenvolver habilidades para sua vida profissional e pessoal, auxiliando no cumprimento de suas metas (Gomes, 2013).
Com o objetivo de formar alunos com sucesso para ingressar na universidade, a Summit procura desenvolver habilidades com enfoque na investigação, proporcionando aulas em períodos integrais, com o auxílio das plataformas adaptativas e o ensino personalizado.
O impacto da tecnologia no processo de aprendizagem
Atualmente definimos aos adultos jovens com um moderno conceito: “nativos digitais”. Praticamente nasceram com um aparelho de telefone celular em suas mãos; logo da primeira respiração, choro, já estão sendo fotografados pelos familiares, e essas fotos serão mostradas para eles em poucos meses ou anos, iniciando assim seu contato com as novas tecnologias, que com o passar dos anos está sendo implementada na educação, descreve Silva e Souza (2019, p. 1).
A pandemia do coronavírus somente antecipou a expansão das tecnologias relacionadas com a educação. Ao longo de alguns anos com passos lentos se iniciou ao redor do mundo a implantação de alguns modelos ainda que sem muitos estudos sobre como eram desenvolvidas e aplicadas nas instituições de ensino.
Nos dias de hoje, se pode identificar uma gama de artigos publicados com o tema apresentado. Ao realizar uma pesquisa na barra de busca sobre tecnologias adaptativas na educação no Google Acadêmico, no período de 2011 a 2021, apareceram aproximadamente 15.700 artigos em cinco segundos. Isso demonstra o grande número de trabalhos de investigação acadêmica que impulsaram o uso da tecnologia durante esses últimos anos.
Um dos grandes desafios do mundo atual, é preparar pessoas com conhecimentos, habilidades e atitudes que atendam às necessidades de um mundo globalizado. A tarefa principal é, portanto, avançar na melhoria da aprendizagem com a utilização das tecnologias da informação. Neste contexto, o uso de novas tecnologias educacionais configura-se como uma estratégia de construção de redes de comunicação e interação das pessoas, além do potencial para apoiar a aprendizagem, a construção social do conhecimento e o desenvolvimento de competências para aprender de forma autônoma. (Costa, 2015, p.12)
As tecnologias digitais permitem a transformação e a propagação do conhecimento, conforme descreve (Costa, 2015, p. 14), “O desafio é que, no mundo atual as escolas possibilitem o reconhecimento das necessidades individuais, respeitando ritmos de aprendizagem e utilizando mecanismos de ensino mais adaptados, tornando-se mais eficaz”.
Através da utilização das tecnologias educacionais desenvolve-se competências, estimula-se o cérebro, incita-se a percepção e seus níveis entre eles: o sensitivo relacionado ao recebimento de informações; o perceptivo que dá sentido a informação recebida e por último o cognitivo que nos permite organizar e entender o mundo através de estímulos recebidos, fortalecendo a promoção da igualdade de oportunidades.
Com o avanço das tecnologias da informação e comunicação, o crescente e moderno uso dos aparelhos de telefone, tablets, as escolas devem repensar o modelo de educação para conseguir atrair, manter conectados e interessados os alunos durantes o processo de ensino e aprendizagem.
Incorporar essas metodologias pedagógicas é necessário frente às novas formas de pensar, agir e receber conhecimento no mundo atual. É de suma importância romper o paradigma da escola tradicional analógica e introduzir novas estruturas de docência mesclando ambientes virtuais com as aulas presenciais.
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente (Morán, 2015, p. 16).
Para o bom andamento e engajamento de todos é imprescindível que as plataformas utilizadas sejam desenhadas de forma criativa, de fácil compreensão, empregando ícones, cores, recursos audiovisuais, para estimular as capacidades mentais do ser humano.
Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de desafios, atividades, jogos que realmente trazem as competências necessárias para cada etapa, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos pessoais com participação significativa em grupos, que se inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas ((Morán, 2015, p. 18).
Um ponto a ser considerado no emprego das tecnologias adaptativas se refere a formação do professor. Cabe a ele conduzir o modelo a ser seguido nas aulas, por mais inovações que a escola possa implementar, o papel do perceptor é indispensável, considerado como peça fundamental na formação do aluno, com o auxílio das ferramentas tornando a formação mais criativa e estimulado o despertar e a modelagem na resolução de problemas como descreve Camillo C. e Camillo D. (2020).
Considerando o exposto até o momento pode-se concluir que as tecnologias adaptativas são consideradas um novo e moderno conceito de educação. Com o auxílio das plataformas digitais os professores podem atualizar e modernizar novas técnicas de ensino.
Partindo de um modelo tradicional para o considerado hibrido, conexão do presencial com o online, novos rumos irão surgir com o passar dos anos e com o avanço tecnológico.
Inovadoras e funcionais plataformas de ensino com o auxílio da inteligência artificial, se tornaram referência para muitas instituições, constituindo-se como peça fundamental para captar mais alunos, com o objetivo comum de melhorar seu desempenho, ter senso crítico, ampliar seus conhecimentos sobre o mundo, formar novas mentes pensantes e não meramente reprodutoras de textos disponíveis em site de pesquisa.
É papel da escola formar cidadãos para a sociedade, capazes de discernir o certo do errado, ter posicionamento e pensamento para propor mudanças, contextualizar e discutir sobre situações de vida cotidiana, produzir inquietudes e curiosidades, em poucas palavrar mudar a forma que pensamos, contribuindo para uma sociedade de pensadores e formadores de opinião próprias, modernas e vanguardistas com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população através da ascensão social.
Deve-se pensar na atualização e formação constante dos tutores, responsáveis por construir esse conhecimento. Muito do que aprendemos hoje relacionado a informática, amanhã pode tornar-se obsoleto, desatualizado, e os disseminadores desse conhecimento devem estar sempre dispostos a se reciclar constantemente para oferecer e brindar aos seus acadêmicos todo o suporte necessário para conseguir se desenvolver no ambiente virtual.
Referências Bibliográficas
Camillo, C. M. & Camillo, D. T. A plataforma khan academy como possibilidade de ensino híbrido. Anais do Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, 9 (1). Recuperado de http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/view/17833
Costa, D. (2021). A Experiência Summit Public Schools. [e‐book] Flórida: Must University
Moraes, L. B. (23 de fevereiro de 2021). Plataforma Digital de Aprendizagem entenda o conceito. [Abmes Blog]. Disponível em: https://abmes.org.br/blog/detalhe/18191/plataforma-digital-de-aprendizagem-entenda-o-conceito-
Costa, I. C. de M. (2015). Utilização de plataformas adaptativas em educação e suas contribuições para o desenvolvimento de Competências do século XXI. Monografia de conclusão de curso MBA de Governança e Inovação de Tecnologias Digitais com Sustentabilidade do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica. São Paulo, SP, Brasil. Recuperado em 25 de agosto de 2021 de http://paineira.usp.br/lassu/wp-content/uploads/2016/09/Monografia-MBA-LASSU-Isabel-Costa-_final.pdf
Gomes, P. (2013, abril). Summit Public Schools usa método baseado em definição de metas e planejamento para fazer com que os alunos aprendam a aprender. Porvir Inovações em Educação. Disponível em: https://porvir.org/5-acoes-os-donos-proprio-aprendizado/. Acesso em: 26 de Agosto de 2021.
InnoveEdu. Experiencia em Educação, (n.d). Summit public schools. Recuperado de http://innoveedu.org/pt/summit-public-schools. [Acesso 25 de Agosto de 2021].
Morán. J. (20195. Mudando a educação com metodologias ativas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens / organizado por Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales. [e‐book] Ponta Grossa: UEPG/PROEX, 2015. – 180p. (Mídias Contemporâneas, 2) p. 15-33. ISBN: 978-978-85-63023-14-8. Recuperado de http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf
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